14 setembro 2017

Sobre o cultivo do pepino transgénico (continuação)

Frequentemente fico extasiado com muitos dos que se candidatam às eleições autárquicas na nossa terrinha. É gente desinibida. Sim porque estou em querer que, à partida, a generalidade não faz ideia da responsabilidade que se lhe devia exigir, para aquilo a que se candidata. Essa cândida ignorância, leva-os a ir em frente com a confiança de quem quer e crê. Não vale refletir sobre o que os pode esperar, já que vão a procura dos seus Eldorados. Por sua vez não é difícil observar a realidade a que o concelho chegou. A ideia de cidadania não conta até porque é muito relativa. Cada um tem a sua.
 Os candidatos privilegiam então olhar-se ao espelho, para dar conta que é necessário um retoque na imagem. Todos têm pomposas ideias e teorias sobre tudo e, a certeza das conveniências ou das exequibilidades. Passados 40 anos, ninguém lhes consegue apontar bons modelos só porque nunca os houve, nem há quem informe sobre quais são as responsabilidades da incumbência. Mas também ninguém pergunta, o que é natural. Apresentam-se como grandes generalistas, com experiência e credenciais, nos mais diversos misteres e funções. Do Veterinário ao Enólogo, do Doutor ao Bacharel, do Funcionário Público ao Empregado de Mesa, do Boticário ao Agricultores, do Teólogo ao Taberneiro, todos têm perfil para se alcandorarem com alegria aos lugares de Timoneiro.
Importa sim o porte, para as poses e o perfil que melhor fique nas fotografias. Apruma-se o timbre de voz e está feito. Ser do Partido ajuda mas, já deixou de ser moda conhecer programas e pagar cotas para a causa, até porque a causa alterna com o vento que passa. Estar com o poder é meio caminho o outro é oferecer confiança.
Pela noite reúne a corte, nomeiam-se os candidatos ficando para a história a ata a relatar que a eleição foi por unanimidade e aclamação. Não constam eventuais dissidências ou isenções, só borrariam a escrita. Finalmente os eleitos estão habilitados para serem servidos e se servirem.
Vencer a eleição é o objectivo seguinte, sem o qual se torna mais bicudo capitanear as massas e gerir o bolo.
                                                                     Francisco D´Aragão

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